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Talleres de Oración y Vida

Padre Ignacio Larrañaga

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a alegria e o encanto da vida.

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Frei Ignacio Larrañaga


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MEDITAR E VIVER

Maria transparência do mistério total de Deus.

Na Bíblia, um silêncio impressionante envolve a vida de Maria. Nos evangelhos, a Mãe aparece incidentalmente, e desaparece logo depois.  Os dois primeiros capítulos nos falam dela. Mas mesmo aqui, Maria aparece como um candelabro: o importante é a luz – o Menino.

Depois, nos evangelhos, a Mãe aparece e desaparece como uma estrela cadente, como se tivesse vergonha de se apresentar: no templo, quando o Menino se perdeu (Lc 2, 41-50), em Caná (Lc 2, 1-12), em Cafarnaum (Mc 3, 31-35), no Calvário (Jo 2, 1-12), no Cenáculo, presidindo o grupo dos Doze, em oração (Hb 1, 14). Nestas três últimas apresentações, a Mãe não diz uma palavra.

Fora dessas fugidias aparições, a Bíblia não fala mais nada de Maria. O resto é silêncio. Só Deus é importante. Maria transparece, e fica em silêncio.

A Mãe foi como esses vidros grandes, limpos e transparentes. Estamos em uma sala, sentados em uma poltrona, contemplando várias cenas e lindas paisagens: as pessoas caminham pela rua, veem-se árvores, panoramas belíssimos, estrelas na noite. Entusiasmamo-nos com tanta beleza. Mas, a quem devemos tudo isso? Quem tem consciência da presença e da função do vidro? Se, em vez de vidro, houvesse uma parede, veríamos essas maravilhas? Esse vidro é tão humilde que transparece um panorama magnifico e fica em silêncio.

Maria foi exatamente isso.

Foi uma mulher tão pobre e tão límpida (como o vidro), tão desinteressada e tão humilde, que nos apresentou e nos transpareceu o Mistério Total de Deus e sua Salvação, mas ficou ela mesma em silêncio, e ninguém se deu conta de sua presença na Bíblia.

Navegando no mar do anonimato, perdida na noite do silêncio, sempre ao pé do sacrifício e da esperança, a figura da Mãe não é uma personalidade acabada, com contornos próprios.

Esse é o destino de Maria. Melhor, Maria não tem destino, como também não tem figura definida. Adorna-se sempre com a figura do Filho. Demonstra sempre a relação com Alguém. Fica sempre para trás. A Mãe foi um “silêncio cativante”, como diz Von Le Fort.

Maria foi a Mãe que se perdeu silenciosamente no Filho.

Tirado do item: “lugar de origem”, do capítulo III do livro “O silêncio de Maria” de Frei Ignacio Larrañaga.