Quando falamos de orar, entendemos no sentido de um trato afetuoso a sós com Deus que sabemos que nos ama; um avançar na intersubjetividade íntima e profunda, em e com o Senhor que se oferece a nós como companheiro de vida.
Em nível espiritual o homem é, segundo o pensamento de Santo Agostinho, como uma flecha disparada para um Universo (Deus) que, como um centro de gravidade, exerce uma atração irresistível sobre ele, e quanto mais se aproxima deste Universo, maior velocidade adquire. Quanto mais se ama a Deus, mais se quer amar. Quanto mais se trata com Ele, mais vontade se tem de se relacionar com Ele.
Para isso existe a lei do treinamento, lei válida para os esportes atléticos e válidos também para os “esportes do espírito”: quanto mais treinamento se faz, mais e melhores marcas se podem alcançar.
Trazemos na alma capacidades espirituais que eventualmente podem estar adormecidas por falta de treinamento. Deus depositou no fundo de nossa alma um germe que é um dom-potência, capaz de florir admiravelmente. É uma aspiração profunda e filial que nos faz suspirar e aspirar por Deus Pai. Se pusermos esta aspiração em movimento, na medida em que “conhece” seu objeto e se aproxima de seu centro, mais densa será a aspiração, maior peso em direção ao objeto e, consequentemente, maior velocidade.
A experiência diária nos prova isto. Qualquer pessoa que tenha tratado a sós entranhavelmente com o Senhor, durante alguns dias, ao regressar à sua vida habitual se sentirá arrastado ao encontro com Deus com uma nova frequência; esta intensificação vai tornando o peso de Deus mais denso, o que nos impulsionará cada vez mais a sentir uma maior atração para Ele, e assim o mundo e a vida irão se “povoando” de Deus.
Baseado no livro “Mostra-me Teu Rosto” de Frei Ignácio Larrañaga
