A oração é encontro com Deus, se acolhemos as pessoas e os acontecimentos do mesmo modo que Deus. Esse encontro simples, cotidiano de buscar apaixonadamente o Rosto de Deus é que vai rompendo, muitas vezes, as fronteiras que existem em nosso coração. E, além disso, este encontro é que nos impulsiona incessantemente a seguir as pegadas de Jesus.
Os que experimentam vivamente que Deus é “meu Pai” experimentarão também que o próximo que está a seu lado é “meu irmão”.
O principal motivo da nossa conduta tende a ser o código do prazer. Evitar o desagradável e conseguir o agradável. Nem os princípios de uma boa educação, nem as orientações psicológicas podem neutralizar estes impulsos espontâneos.
Como será possível colocar perdão ali onde o instinto reclama vingança? Quem poderá por suavidade lá onde o coração exige violência, e doçura onde há amargura? Quem poderá fazer esta revolução? Só Jesus Cristo.
Só Deus pode descer até as profundidades originais do homem para acalmar as ondas, controlar as energias e transformá-las em amor.
Deus, com sua paciência eterna, consegue muito mais de nós que nossos raios de cólera. No fundo trata-se de um tremendo equivoco: queremos jogar fora o mecanismo da fúria, dizendo: arranquemos o mal acabando com os maus. No fundo trata-se de uma só coisa: incapacidade de amar.
Nossa experiência cotidiana nos tem demonstrado numa infinidade de vezes que Deus não participa de nossas impaciências, de nossos medos, nem de nossos instintos de castigo. Porque existe uma palavra que é a que melhor define Deus: Misericórdia. Ela expressa admiravelmente os traços fundamentais do rosto divino. É, além disso, filha predileta do amor e irmã da sabedoria nasce e vive entre o perdão e a ternura.
Crescer em sabedoria é compreender que nenhum ser humano é capaz de captar inteiramente toda verdade, e que não existe erro ou desatino que não tenha alguma parte de verdade. E, por isso, pedimos ao Espírito Santo que grave a fogo em nossas almas a oração de Francisco de Assis:
Não desprezarei os que desprezam. Não amaldiçoarei aos que amaldiçoam. Não julgarei os que condenam. Não odiarei aos que exploram. Amarei aos que não amam. Não excluirei ninguém do meu coração. Amarei sobremaneira aos não amáveis.
Baseado no livro “O sentido da Vida” do Frei Inácio Larrañaga
