Pentecostes é a revolução de Deus e a revolução do coração possuído pela ação do Espírito Santo. Assim foi a ação de Deus no coração da Virgem. Foi ela que inspirou coragem aos primeiros seguidores de Jesus, enquanto esperavam a realização do mistério de Pentecostes. Como disse um dia o Papa Bento XVI: “Não há Pentecostes sem a Virgem Maria”.
Quem melhor que Maria para sustentar a fé do primeiro Papa da história e dos discípulos que haviam entrado em contato com Jesus, mas que tinham medo de ter sua mesma sorte? Ela que tinha contemplado o rosto vivo de Cristo estava disposta a permanecer firme no que foi dito, quer dizer, naquela resposta positiva que tinha pronunciado durante a Anunciação. E o que fez durante toda sua vida: estender um cheque em branco, abrir um crédito infinito e incondicional ao seu Senhor Deus. Por isso, as palavras jubilosas de sua prima Isabel a definem bem: “Ditosa fostes tu que confiaste que, de qualquer modo, se cumpririam as promessas de Deus”. (Lucas 1, 45)
Desde Pentecostes a vida dos cristãos se define pelo testemunho. E a pergunta medular para isso é: “O que faria Jesus no meu lugar?” e que tem uma dupla resposta. Nas palavras de Frei Ignácio Larrañaga, surgiriam palavras entranháveis do coração de Jesus: “Se vocês não me abandonam, se garantem sua vida privada comigo, terão autoridade moral e categoria de testemunhas para gritar ao mundo que Eu vivo porque vocês estiveram comigo”.
“Recordem-se quantas vezes Eu me retirava para as montanhas para cultivar minha vida privada com o Pai, e lembrem-se com quanta alegria descia das montanhas, e então, ao brotar da minha boca as palavras, como se enchiam os corações de doçura e se inebriavam. Era meu Pai que fazia os prodígios através de mim porque Eu acabava de sair de sua intimidade”…
Desta maneira chegamos do encanto de Deus, ao encanto da vida. Com Jesus vivo no coração seremos invencíveis. Com Ele os desgostos se evaporam como névoa, os espinhos se transformam em rosas e nenhum anseio fica insatisfeito em sua Presença. Com Jesus vivo no coração o “Ego” fica fraco e nossa conversão se torna mais decidida: “Que as vaias de rejeição não me assustem, os aplausos não me envaideçam, as exigências do “Ego” não me escravizem com pesadas correntes nem me roubem a alegria e a paz. Porque busco, meu Jesus, incessantemente o descanso em teu coração manso e humilde. Somente me anima um desejo: que meu amor seja fresco e puro como a chuva”…
Para nós também chega um novo Pentecostes Permitamos que o Espírito Santo irrompa em nossas vidas enchendo-nos com seus dons e carismas. Uns olhos novos para um olhar novo.
Deixando-nos seduzir pelo esplendor deste Deus da Ternura, já não podemos mais calar os infinitos gozos que deixa em nossa alma. Esses tempos fortes de intimidade a sós com Deus, confirmam o que já sabemos: existimos para lembrar ao mundo que Deus É, e nosso desejo é caminhar pela rota segura que a Virgem seguiu: “Fazei o que Ele vos diga”. (João 2, 5).
“Contigo, Senhor, faremos maravilhas” (Salmo 59 (60))
(Extraído de diversas Cartas Circulares)