Porque cada pessoa é distinta em seu ser , em seu sentir e em seu agir, o “trato de amizade” vai adquirindo em cada pessoa orante, novidades e matizes dentro da mais ampla e admirável variedade: conforme os estados de ânimo, diferenças de idade, ritmos de crescimento, disposições psicossomáticas, humor…
Não só a oração de cada pessoa será essencialmente diferenciada, mas até a oração de uma mesma pessoa pode ir variando de uma época para outra, de um tempo para outro, e mesmo de um dia para outro. Uma será a oração de tipo intelectual, e outra de tipo afetivo.
A relação de cada pessoa com o mundo que a circunda é diferente. A maneira de enfrentar o mundo que o rodeia ou as pessoas com quem trata, é diferente em uma criança, em um adolescente, em um varão, em uma mulher, em uma pessoa idosa. O encontro com seu mundo é diferente para um audaz e para um tímido, para um impaciente e para um sossegado. Da mesma maneira, vai mudando o encontro com Deus.
A possibilidade de conceber pensamentos mais profundos, a estabilidade emocional, a capacidade de decisão e de perseverança dependem da idade cronológica algumas vezes, mas muito amiúde dependem de causas que nos são desconhecidas. Todos esses influem decisivamente na qualidade e na profundidade da oração. Para alguns adultos, o fervor juvenil parece puro sentimentalismo. Outros consideram esse fervor – já morto – como a perda irreparável de um belo tesouro e sentem falta.
O encontro com Deus, como parte integrante da vida, vai se adaptando as disposições cambiantes da pessoa. A preocupação, a doença, a depressão, a euforia, a simples fadiga, finalmente um “não sei quê” imponderável dificultam, impossibilitam ou favorecem uma ou outra classe de encontros com Deus.
Como tratar com alguém é viver, e viver é adaptar-se, o trato de amizade com Deus se irá adaptando com dinamismo e flexibilidade a cada pessoa e a suas circunstâncias, utilizando alternadamente os meios ou os obstáculos, entusiasmo ou aridez, inteligência ou imaginação, devoção ou fé árida, originando formas novas e modalidades inesperadas em cada alma.
Do livro de Frei Ignacio Larrañaga Mostra-me teu Rosto