A maior parte das tristezas íntimas do homem e de suas dificuldades, nas relações interpessoais, nascem da imagem (de nós mesmos) que nós projetamos, cultivamos, alimentamos, servimos e adoramos. Essa é a pricipal fonte de frustrações interiores e das colisões fraternas.
Parece demência ou alienação. Mas é assim mesmo que vivemos: entre o desejo e o temor. A metade da vida, lutamos na ofensiva para dar à luz, alimentar e “engordar” (inflar) nuestra imagen (prestígio pessoal, popularidade); e na outra metade lutamos na defensiva, presos de temor, para não perder o pretígio.
A imensa maioria das pessoas não se interessa pelo que se é mas pelo como me veem. Interessam-se mais pela imagem do que pela realidade; mais pela mentira do que pela objetividade. Dessa maneira, se lançam nessa corrida de aparências.
Para grande parte dos mortais não existe prazer maior do que ter uma imagem esplêndida, proclamada e adorada pelas multidões. Até chegar a confundir e identificar o que sou com o que quisera ser.
Quando nos aderimos (emocionalmente) à imagem idealizada e ilusória de nós mesmos, a preocupação pela própria imagem nos rouba a alegria de viver e é causa de grande parte das dificuldades de convivência.
Como nos libertamos dessas ilusões que nos arrastam a tanta preocupação íntima e a tanta desventura? Não é possível a paz interior nem o amor fraterno nessas circunstâncias. Grande parte de nossas energias são queimadas com essas preocupações que estão ao serviço de sonhos irreais.
O individuo é um conjunto de realidades, presidido por uma consciência. Se esta consciência possui a noção exata de seu conjunto, então temos sabedoria, que significa: visão e apreciação proporcional da realidade. Existem tres palavras que são sinônimas: objetividade, humildade e sabedoria.
Devemos despertar dos sonhos de grandeza, renunciar a adoração das estátuas vazias, por em movimento todas as nossas potencialidades para a máxima plenitude, e dentro de nossas limitações, libertar-nos da tirania das ilusões.
Venha, pois, o reino da sabedoria e da objetividade. Venha o coração puro, desprendido das aparências e livres de loucuras, pobre e sábio ao mesmo tempo.
Extraído do livro “Suba comigo” de Frei Ignacio Larrañaga