Misericórdia, meu Deus, por tua bondade, tua imensa bondade, apaga minha culpa. Salmo 50(51) v 3
Chegou a hora de crer no amor e superar as fragilidtitades, não por causa de uma culpa repressiva, mas em virtude da dinâmica transformadora do amor, e em nome daquela revelação central, trazida por Jesus, sobre o amor eterno e gratuíto de Deus Pai para com cada um de nós.
Como nos diz admiravelmente o Salmo 50(51), reconhecer com humildade e confiança nossa radical impotência, não nos fixando obsessivamente em nossa condição pecadora, mas na condição misericordiosa e compreensiva de Deus, em seu amor e ternura nunca desmentido.
Se sou fragilidade e Ele misercórdia, a salvação consiste em sair de mim mesmo nas asas da confiança, transformar-me em um pouquinho de barro e me pôr humilde e submisso, em suas mãos e repetir incessantemente “lavá-me” (v. 9), “purifica-me” (v. 4) “limpa-me” (v. 3), cria em mim um coração novo (v. 12).
E a isto se reduz o Salmo 50(51): não ficar olhando absorto minhas negras vertentes, mas os espaços infinitos da misericórdia.
Que minha alma abatida pela tristeza e pela vergonha , agora ao ser visitada pela misericórdia, possa beber a água fresca da alegria (v. 10). Meu Deus, toca a substância mais profunda do meu ser e realiza em mim uma nova criação; Tu que tudo podes, repete em mim o prodígio da primeira manhã do mundo: põe em mim uma natureza nova, recém saída de Tuas mãos. Deposita no ninho da minha intimidade um coração diferente, feito de bondade, mansidão, paciência e humildade e revista-o com uma firmeza de aço. (V. 12).
Livra-me das ataduras, correntes e queixas do meu egoísmo, Tu que és meu único libertador; e verás como minha lingua solta aos quatro ventos o hino da libertação. (V. 16).
Sei muito bem que um coração arrependido, pobre e humilde Tu nunca desprezarás, meu Deus. (V. 19).
E o único que posso ofercer-te, a maior homenagem que te posso fazer é crer acima de tudo em tua ternura e lançar-me, reconhecido e confiado, em Teus braços.
Extraído do livro Salmos para vida de Frei Ignacio Larrañaga.