Sob o peso dos anos e a grandes profundidades por debaixo da consciência existe um abismo insondável, um mundo desconhecido que denominamos inconsciente. O consciente é como um fósforo aceso e o inconsciente como uma enorme noite escura. O mais importante de nós mesmos é o desconhecido de nós. Por isso fazemos o que não queremos; porque desde zonas desconhecidas surgem impulsos desconhecidos que nos surpreendem, assaltam e dominam a consciência, e fazemos o que não queremos.
Os filhos e as filhas do egoísmo nos são muito familiares: orgulho, vaidade, inveja, rancor, vingança, ressentimentos; enfim, agressividade de toda cor. Estas são as feras que despedaçam a unidade e a paz, lançando com frequência o esposo contra a esposa e vice-versa.
O que fazer para que os filhos do egoísmo não nos levem inexoravelmente ao fracasso conjugal? Em uma palavra, o que fazer para deixar fora de combate o egoísmo?
Uma norma geral de sentido comum, uma boa educação social, uma orientação psicológica podem se constituir em preciosas ajudas para manter de pé o compromisso conjugal. Mas isso não basta. Necessitamos estender uma ponte entre duas margens, entre dois corações. Buscamos uma nova força que, vindo de fora, se instale nos dois corações, constituindo-se num elemento unificador que enlace margens eventualmente inimizadas.
E esse alguém tem um nome próprio: Jesus Cristo.
Só Jesus Cristo pode se instalar na intimidade do coração e causar a satisfação que compense o custo de ter que morrer para amar. Só aferrados fortemente a Jesus Cristo vivo e vibrante, com todas as energias adesivas e unificantes, só assim se pode apertar os dentes, engolir a saliva, calar, responder ao grito com silêncio e a explosão com serenidade.
Só Jesus pode inverter as leis do coração pondo perdão onde o instinto gritava vingança, pondo suavidade onde o coração exigia violência, pondo doçura lá onde emanava amargura, pondo amor lá onde reinava o egoísmo.
O segredo fundamental de uma feliz e longa convivência conjugal está em impor as convicções de fé sobre as reações espontâneas, na intimidade com Jesus.
Extraído do livro “O casamento feliz” de Frei Ignacio Larrañaga.