E nos convida a viver:
“Um ano dedicado a redescobrir o grande valor e a absoluta necessidade da oração na vida pessoal, na vida da Igreja e do mundo”.
Uma grande “sinfonia” de oração; antes de tudo, para recuperar o desejo de estar na presença do Senhor, de escutá-lo e adorá-lo. Papa Francisco.
Quanto mais se ora, Deus é “mais” Deus em nós.
Deus não muda. É definitivamente pleno, portanto Imutável. Está, pois, inalteravelmente presente em nós e não admite diferentes graus de presença. O que realmente muda são nossas relações com Ele, conforme nosso grau de fé e amor. A oração torna mais firme essas relações, produz uma penetração mais entranhável do eu-Tu através da experiência afetiva e do conhecimento fruitivo, e a semelhança e a união com Ele chegam a ser cada dia mais profundas.
Acontece como um archote dentro de uma sala escura. Quanto mais o archote alumia, melhor se vê a “cara” da sala, a sala se faz “presente” ainda que não tenha mudado.
Podemos provar esta experiência que, quanto mais profunda a oração, mais sentimos a presença de Deus patente e vivo. E quanto mais resplandece a glória do Senhor sobre nós (Sal 30), os acontecimentos ficam mais envoltos em novo significado (Sal 35) e a história fica “povoada” por Deus. Numa palavra o Senhor se faz vivamente presente em tudo. Não há sorte ou azar, mas um timoneiro que conduz os fatos com mão firme.
Quando alguém já “esteve” com Deus, Ele, cada vez mais vai sendo “Alguém” por quem e com quem se superam as dificuldades e se vencem as repugnâncias – elas se convertem em doçuras. Assumem-se com alegria os sacrifícios, nasce por toda parte o amor. Quanto mais se “vive” com Deus, mais vontade de estar com Ele, e quanto mais se “está” com Deus, Deus é cada vez mais “Alguém”. Abriu-se o círculo da vida.
Na medida em que o contemplador avança nos mistérios de Deus, Deus deixa de ser ideia para converter-se em Transparência e começa a ser Liberdade, Humildade, Prazer, Amor e progressivamente em força irresistível e modificadora, que tira todas as coisas de seus lugares: onde havia violência põe suavidade, onde havia egoísmo põe amor e muda por completo a “face” do homem.
Deus vai sendo cada vez mais o Todo, o Único e o Absoluto, como num torvelinho em que o homem inteiro é apanhado e arrastado enquanto se purifica e as escórias egoístas são queimadas… Deus acaba por transformar o homem contemporâneo numa tocha que arde, ilumina e resplandece. (João 5, 35)
Tirado do livro “Mostra-me Teu Rosto” de Frei Ignacio Larrañaga