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Padre Ignacio Larrañaga

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Frei Ignacio Larrañaga

O Silêncio de Maria

Na Bíblia, um silêncio impressionante envolve a vida de Maria. Nos Evangelhos, a Mãe aparece incidentalmente, e desaparece logo depois.

Os dois primeiros capítulos nos falam dela. Mas mesmo aqui, Maria aparece como um candelabro: o importante é a luz – o Menino. As notícias da infância nasceram, em sua última instância, de Maria. De alguma maneira poderíamos dizer: aqui fala Maria.  A Mãe fala de José, de Zacarias, de Simeão, dos pastores, dos anjos, dos reis… De si mesma, não diz nada. Maria não é narcisista.

Depois, nos Evangelhos, a Mãe aparece e desaparece como uma estrela cadente. Como se tivesse vergonha de se apresentar: no templo, quando o Menino se perdeu, em Caná, em Cafarnaum, no Calvário, no Cenáculo, presidindo o grupo dos Doze, em oração. Nestas três últimas apresentações, a Mãe não diz uma palavra.

Depois, só há uma alusão indireta, muito mais impessoal: “nascido de mulher”. Aqui, Paulo coloca Maria atrás de um estranho anonimato: “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher”. Bastaria ter posto o nome de Maria por trás da palavra “mulher”, e teria ficado tão bonito! Mas não. O destino da Mãe é ficar sempre para trás, na penumbra do silêncio.

Impressiona e causa estranheza a pouca importância que Paulo parece dar a Maria. Pelos cálculos cronológicos, os dois podem ter-se conhecido pessoalmente, e possivelmente se conheceram. Quando reivindica sua autoridade apostólica, Paulo se gloria de ter conhecido pessoalmente Tiago, “irmão” do Senhor. Mas não faz nenhuma alusão indireta a Maria, em suas cartas.

Fora dessas fugitivas aparições, a Bíblia não fala mais nada de Maria. O resto é silêncio. Só Deus é importante. Maria transparece, e fica em silêncio.

A Mãe foi como esses vidros grandes, limpos e transparentes. Estamos em uma sala, sentados em uma poltrona, contemplando várias cenas e lindas paisagens: as pessoas caminham pela rua, veem-se árvores, panoramas belíssimos, estrelas na noite. Entusiasmamo-nos com tanta beleza. Mas, a quem devemos tudo isso? Quem tem consciência da presença e da função do vidro? Se, em vez de vidro, houvesse uma parede, veríamos essas maravilhas? Esse vidro é tão humilde que transparece um panorama magnífico e fica em silêncio.

Maria foi exatamente isso.

Foi uma mulher tão pobre e tão límpida (como o vidro), tão desinteressada e tão humilde que nos apresentou e nos transpareceu o Mistério Total de Deus e sua Salvação, mas ficou ela mesma em silêncio, e ninguém se deu conta de sua presença na Bíblia.

Navegando no mar do anonimato, perdida na noite do silêncio, sempre ao pé do sacrifício e da esperança, a figura da Mãe não é uma personalidade acabada, com contornos próprios.  Esse é o destino de Maria. Melhor, Maria não tem destino, como também não tem figura definida. Adorna-se sempre com a figura do Filho. Demonstra sempre a relação com Alguém. Fica sempre para trás. A Mãe foi um “silêncio cativante”, como diz Van Le Fort.

Maria foi a Mãe que se perdeu silenciosamente no Filho.

Extraído do livro “O silêncio de Maria” de P. Ignacio Larrañaga