Exulte a terra inteira e salte de alegria as inumeráveis ilhas diante desta grande notícia. Deus está vestido com um manto de misericórdia, e lhe precede a ternura e o acompanha a lealdade. E, desde sempre e para sempre, avança sobre uma nuvem em cuja borda está escrita a palavra AMOR.
Jesus veio nos mostrar como era o coração do Pai. Para confirmar o que século após século, o Pai foi nos confirmando através dos Profetas:
“Meu Rosto irá contigo, e não terás porque se preocupar” (Ex.33, 14). “Vou contrair um compromisso com este povo… confirmando-o com prodígios… pois são coisas assombrosas as que vou fazer contigo” (Ex. 34, 10). “Faz tudo quanto te inspire o coração porque, Eu, teu Deus, estarei contigo… Estou contigo em todas tuas empresas…”
Só o assombro diante de um amor incondicional, gratuito, pode tirar o homem do seu isolamento egocêntrico, libertá-lo das auto-complacências e auto-suficiências. Necessita-se estar livre de si mesmo para poder admirar e adorar. Voltar ao assombro de um amor. Só uma criança pode contemplar o Pai alimentando os pardais, vestindo as margaridas, regando com a chuva ou fecundando com o sol os campos dos justos e dos injustos.
Na adoração não existe nenhuma finalidade, nem sequer a de ser melhores. A adoração é eminentemente gratuita: ela consiste em celebrar por celebrar o Ser e o amor porque Ele o merece, porque Ele é assim, tão fora de série, que vale a pena que se saiba, que todo mundo se informe, que todos reconheçam e se alegrem com esta notícia, e que todos se sintam felizes de que o Senhor seja Deus.
Abandonado nas mãos Todo-poderosas e Todo-amorosas de Deus, “o adorador não sente temor à velhice nem a morte, mas, de alguma maneira, participa da eterna juventude de Deus”. Por isso admiramos em muitos contemplativos a serenidade imperturbável de quem se acha acima dos vai e vens da vida.
Uma paisagem incomparável, contemplado por um espectador triste, será sempre uma triste paisagem. No final, o que importa é a capacidade de assombro; é esta capacidade que veste de vida as situações repetitivas, e que põe um novo nome em cada coisa. É esse redescobrir, na oração e na vida, que a existência é uma festa e o viver um privilégio.
Ás vezes, não se valoriza em profundidade as palavras de Jesus: “Eu vim para trazer vida e vida em abundância”. (Jo. 10, 10) Por isso a oração cotidiana nos impulsiona a cultivar no coração uma planta com especial cuidado e carinho: a alegria. E ela só brota quando nos sentimos profundamente amados desde toda a eternidade. E essa alegria se alimenta, apesar das reticências e repugnâncias por nossos erros e debilidades, no fato de que para Deus sou uma maravilha de seus dedos. Se eu possuo 30 defeitos, Ele me criou e me dotou com centenas de qualidades para serviço aos outros e reconhecimento que um Deus Infinito, Insondável em seus caminhos, povoa meu coração. E desde aí pede a cada um que transforme seus sofrimentos em braços de compaixão para si mesmo e suas entranhas em regaço de acolhida.
Baseado nos livros de Frei Ignácio “Mostra-me teu Rosto” e “O sentido da Vida”