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Talleres de Oración y Vida

Padre Ignacio Larrañaga

Milhares de pessoas têm recuperado
a alegria e o encanto da vida.

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Frei Ignacio Larrañaga

Entranhas de Misericórdia

Impressiona-me fortemente a frequência e a tranquilidade com que se afirma hoje que Francisco chegou a Deus, mediante o homem, através dos pobres. Essas afirmações estão na moda, mas não há nada mais contrário ao processo histórico de sua vida e de suas próprias palavras.

Se analisarmos com cuidado os textos de todos os biógrafos contemporâneos, e os confrontarmos, veremos com clareza que a sensibilidade extraordinária de Francisco para com os pobres proveio do cultivo de um relacionamento pessoal com o Senhor, embora em sua natureza houvesse anteriormente uma inclinação inata para as causas nobres.

Por isso, sempre que algum pobre lhe pedia esmola quando estava fora de casa, ajudava-o com dinheiro, se podia. Se não tivesse dinheiro, dava-lhe o gorro ou o cinto, para que não fosse embora de mãos vazias.

O filho de Dona Pica sempre tinha sido desprendido e generoso. Sabiam-no muito bem aqueles moços que tantas vezes se haviam banqueteado à custa do bolso bem recheado do filho do comerciante de tecidos.

Mas agora era diferente. Não se sabia donde, tinham surgido em Francisco todas as entranhas de misericórdia. Depositava em cada esmola toda sua ternura. Quando dava uma moeda, teria dado com gosto o coração inteiro e mais um beijo.

Era Jesus. O próprio Jesus tinha voltado ao mundo e se vestia como os mendigos. Encontrava Jesus no pórtico de São Rufino, com a mão estendida embaixo do seu arco redondo. Lá vinha Jesus pelo caminho solitário, arrastando os pés. Era Jesus que dormia debaixo da ponte do rio, tiritando de frio. Dos abismos misteriosos de cada mendigo emergia Jesus estendendo a mão e pedindo um pouco de carinho. Os mendigos tinham o estômago vazio, mas o mais grave era que seu coração estava com frio e procurava calor.

Por isso o esmoler de Assis aproximava-se de cada um deles, aprendia seus nomes, chamava-os pelo nome, pedia que lhe contassem alguma coisa de sua vida, perguntava por suas esperanças, interessava-se por sua saúde.

Saia cantando por entre os ciprestes e castanheiros até o bosque ou a gruta. Encontrava-se com o primeiro mendigo e lhe entregava o dinheiro que tivesse nos bolsos. Continuava o caminho. Mais adiante encontrava um segundo vagabundo e lhe dava o chapéu ou o cinto.

Passava muitas horas na caverna escura, iluminada pelo resplendor de seu fogo interior. Falava com Deus como um amigo fala com outro amigo. Saia daqueles buracos aceso como um tição, radiante de alegria, e se punha de volta para casa.

Se, durante o regresso, se encontrasse com um terceiro pedinte, podia acontecer uma coisa insólita. Como tinha prometido a si mesmo não deixar de dar alguma para quem o pedisse por amor de Deus, mas já não tinha mais nada, tomava a mão do pobre e iam os dois recatadamente para trás de alguma moita. Francisco tirava a camisa e, com infinita delicadeza, suplicava ao mendigo que a aceitasse por amor de Deus.

Não foi só uma vez que voltou para casa semidespido. Dona Pica fingia que não tinha percebido. No fundo, gostava daquelas santas excentricidades, porque parecia que estavam sendo cumpridas suas intuições sobre os altos e misteriosos destinos daquele seu filho.

Tirado do livro ”O Irmão de Assis” capitulo II: “Levanta-se o sol” subtítulo: Entranhas de Misericórdia de Frei Ignacio Larrañaga.