Depois de sua Ressurreição Jesus Cristo estabelecerá o Reino do Espírito: a Igreja, que sobretudo, não é uma instituição humana, mas uma Comunidade de homens que nasceram, não do desejo da carne e do sangue, mas de Deus mesmo. (João 1,13). É um povo de filhos de Deus nascidos do espírito.
Haverá, pois, em Pentecostes um novo nascimento. Pela segunda vez vai nascer Jesus, mas desta vez não segundo a carne como em Belém, mas segundo o espírito. Não há nascimento sem mãe. Se o nascimento seria espiritual, a mãe teria que ser espiritual.
A mãe, humanamente, é uma doce realidade. Esta doce realidade teria que morrer, em uma e evolução transformadora, porque para todo nascer, há um morrer.
Em uma palavra, Maria também teria que sair da órbita materna, fechada em si mesma – a esfera da carne – e teria que entrar na esfera da fé. E, tudo isto, porque Cristo necessitava de uma mãe no espírito, para seu segundo nascimento, em Pentecostes.
Se Maria quer seguir em comunhão com Jesus de Nazaré, não será na qualidade de mãe humana, mas terá que entrar num novo relacionamento de fé e espírito.
Com as palavras na cena em João 19, 25-28, “eis aqui teu filho, eis aqui tua mãe”, Jesus entrega uma Mãe a Humanidade. Aqui nasce a maternidade espiritual de Maria.
Era a última vontade de Jesus, seu presente mais querido; no final, o melhor. Em sua atuação posterior, Jesus entregou sua Mãe a Igreja para que a atendesse com cuidado maternal e a conduzisse pelo caminho da salvação.
Extraído do livro “O silêncio de Maria”, de Frei Ignácio Larrañaga, OFM